"Agora, aprovado que está, para cumprirmos os princípios do ECD e termos professores e escolas cada vez melhores será preciso ganhar os docentes para a solução, fazendo-lhes crer que vale a pena ser melhor. Precisamos entusiasmar os professores! Os professores precisam de sentir que o Governo, os pais e encarregados de educação, a sociedade, acreditam e contam com eles para formar cidadãos de qualidade.
Em sede de regulamentação, do discurso e da implementação de condições para o exercício da função docente, o Governo Socialista e o seu Ministério da Educação terão de saber utilizar o novo ECD para que isto aconteça! A preocupação que a Sr.ª Ministra da Educação e o Sr. Procurador-Geral da República têm manifestado recentemente, relativamente à violência e aos crimes nas escolas, vem neste sentido e concorre para este objectivo."
O meu post "O Estatuto da Carreira Docente e a Categoria de Professor Titular (I)", de 2007.04.14, terminou com os dois últimos parágrafos que acabei de citar. A iniciativa para a generalização do acesso a computadores pessoais e à banda larga para adultos nas Novas Oportunidades e para alunos do 10º ano e professores dos ensinos básico e secundário poderá ser um pequeno passo no caminho que referi.
Há cerca de uma semana atrás, li um editorial do "Público", onde o director José Manuel Fernandes (JMF) se referiu a esta iniciativa governamental como "um erro", "populismo", "um bodo aos pobres" e um "disparate caro"! Depois de se referir aos alunos, JMF diz que "os professores também levam computadores..." e que "será dinheiro de outros (as empresas de telecomunicações) lançado à rua, sem garantias de retorno", entre outras considerações e comentários!
Todos nós sabemos quanto essenciais são hoje os meios informáticos para o acesso à informação e como ferramenta de trabalho em qualquer actividade profissional. Na educação, nas escolas, são, por acréscimo de razão, imprescindíveis a alunos e professores, para um desenvolvimento dinâmico e actualizado do currículo; e também sabemos, nós, professores, as dificuldades sociais de muitas das famílias dos nossos alunos, impedindo um acesso generalizado a computadores e banda larga, que usamos cada vez mais como recurso educativo das aulas e como importante complemento dos tradicionais manuais escolares.
Concordo que, muitas vezes, como diz JMF, "o que é oferecido tende a ser desvalorizado, pois é obtido com pouco esforço" e que, inevitavelmente, ir-se-ão verificar desperdícios; mas certamente que a implementação da medida obrigará a regras que deverão assegurar a valorização e o controle da utilização dos recursos a serem distribuídos.
E "os professores também levam computadores..."!! Os professores, tal como os alunos menos carenciados, poderão adquirir o equipamento por 150 €. Sendo uma medida louvável e inédita, não será nenhum favor!
JMF terá, certamente, o seu lápis, o seu papel, a sua esferográfica e o seu computador na redacção do seu jornal, equipamento disponibilizado, obviamente, pela empresa proprietária do jornal, para o seu Director desempenhar eficaz e condignamente as suas funções. Pois é Dr. JMF, os professores sempre tiveram que comprar o lápis, o papel e tudo o resto, para leccionar na escola e trabalhar em casa, por falta de condições de muitas das nossas escolas!
E o dinheiro também não é das empresas de telecomunicações, é do Estado Português (nosso)! Estas empresas não fornecem graciosamente estes equipamentos, mas em contrapartida de licenciamentos que lhes permitem lucros de milhões de euros, como é do conhecimento de todos nós!